O volante do Santos foi chamado de ‘macaco’ depois da sua equipe ganhar ao Mogi Mirim, no Estádio Romildão, por 5 a 2. A ofensa partiu das bancadas dos torcedores e foi flagrado pela rádio desportiva ESPN, escreve o Estadão.
O técnico Oswaldo de Oliveira protestou contra o ataque feito a um dos seus jogadores e exigiu uma ação mais pesada por parte das entidades oficiais do futebol no Brasil.
“A minha resposta para isso é o silêncio. Não farei mais nada”, falou o técnico.
Ele continuou: “Não me vou prender ao problema do Arouca, mas à questão da súmula. Nem tudo que se passa no jogo só pode dar relevância se estiver na súmula.
Isso tem que ser coibido, como a violência, brigas e uma série de outras coisas.
Tem gente que gosta de aparecer negativamente, acho isso baixo, e isso tem que ser severamente punido, como tantos os outros eventos que temos acompanhado recentemente.
A euforia da Copa do Mundo tem nos contagiado para o evento, mas deveríamos ser mais severos.”
A assessoria de Arouca divulgou uma nota oficial, na qual é descrito acontecimento e o que sentiu na altura. Pode ler aqui a nota:
“Na saída do jogo desta quinta-feira, contra o Mogi Mirim, fui alvo de insultos racistas de um torcedor do time adversário.
É lamentável e inaceitável que ainda haja espaço para esse tipo de coisa hoje em dia. Isso só mostra que o ser humano ainda tem muito a evoluir e a crescer, que não estamos nem perto de um mundo que viva a harmonia entre as pessoas e todas as suas diferenças.
Tenho muito orgulho das minhas origens africanas, que foi o que o sujeito tentou usar para me ofender, dizendo que eu deveria procurar alguma seleção de lá para jogar.
Dando a entender que um negro igual a mim não serve para defender a seleção brasileira. Como se algumas das páginas mais bonitas da história da nossa seleção não tivessem sido escritas por jogadores como Leônidas, Romário e pelo Rei Pelé, também negros.
Não ouvi os gritos de 'macaco' que alguns repórteres disseram ouvir, mas, caso tenha realmente acontecido, é ainda mais triste.
Eu sei muito bem de onde venho e de toda a minha luta para chegar onde cheguei.
Por isso, sentir na pele o que aconteceu comigo hoje - logo depois do que fizeram com o Tinga outro dia e também do caso do juiz no Rio Grande do Sul - me deixa muito decepcionado.
Acabou com a alegria pela boa atuação do nosso time, pelo belo gol que fiz, ou seja, pelo que deveria ser a essência do esporte.
O futebol é um espelho da nossa realidade, e isso não se resume apenas a xingamentos racistas.
Continuam matando e morrendo por torcerem por um time diferente do outro. Espero, sinceramente, que casos como esse sejam severamente punidos, pois, enquanto isso não acontecer, nada vai mudar. A impunidade e a conivência das autoridades com as pessoas que fazem esse tipo de coisa são tão graves quanto os próprios atos em si.
Somente discursos e promessas não resolvem a falta de educação e de humanidade de alguns”.
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