Comunidade católica, que é pequena no país, se considera marginalizada.
Delegação oficial ortodoxa recusou convite para participar de missa.
O papa Francisco pediu neste sábado (1) em Tbilisi à pequena comunidade católica da Geórgiaque permaneça unida e demonstre estar aberta à maioria ortodoxa, apesar das tensões entre as duas igrejas cristãs.
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"O que fazer diante dos ortodoxos?", perguntou o pontífice a padres, seminaristas e representantes católicos georgianos.
"Permaneçam abertos, sejam amigos", aconselhou o papa no segundo dia da viagem ao Cáucaso.
"Nunca se deve fazer proselitismo com os ortodoxos. São nossos irmãos e irmãs, não posso condená-los", disse, antes pedir aos católicos que sejam "amigos, caminhem juntos".
"Somos uma pequena Igreja e a cada dia vivenciamos ser a minoria. Às vezes é muito difícil", disse ao pontífice Giuseppe Pasotto, bispo católico georgiano.
"Devem ser sólidos em sua fé", respondeu o papa, antes de afirmar que para isto é preciso ter "a memória do passado, a coragem no presente e a esperança no futuro".
Durante a manhã, Francisco afirmou que levava "consolo" ao "pequeno e amado rebanho da Geórgia", durante sua homilia em um estádio de Tbilisi.
"O consolo que precisamos, em meio às vicissitudes turbulentas da vida, é a presença de Deus no coração", afirmou o pontífice no estádio Meskhi.
"Este dia é muito importante para os georgianos, independente de sua origem", disse à AFP Manana Itonishvili, de 56 anos, professora de história da arte.Visita reforça as relações
A comunidade católica, pequena na Geórgia, um dos países cristãos mais antigos do mundo, com forte presença dos ortodoxos (85%), se considera em alguns momentos marginalizada.
"Vim para escutar a missa como ortodoxa e para expressar minha gratidão ao papa", completou.
A delegação oficial ortodoxa recusou, no entanto, o convite para participar da missa, um sinal da tensão entre as duas comunidades.
"Estava claro desde o início que os representantes da Igreja (ortodoxa) da Geórgia não compareceriam à missa. Desde 1054 (data do cisma entre católicos e ortodoxos) não há liturgia comum entre as Igrejas católica e ortodoxa", disse à AFP a porta-voz da Igreja ortodoxa do país, Nato Asatiani.
"Mas é preciso destacar que esta visita do papa Francisco reforçará ainda mais as relações entre as duas Igrejas, acrescentou.
O patriarca da Igreja ortodoxa georgiana, Elias II, também afirmou na sexta-feira diante do papa Francisco que sua visita contribuirá para reforçar os laços entre as duas Igrejas cristãs.
"Guerra mundial" contra o casamento
Durante a visita a padres e católicos georgianos, Francisco fez uma defesa do casamento e pediu sua proteção como "o mais lindo que Deus criou".
O papa argentino, questionado por uma mãe, denunciou que se trava uma "guerra mundial para destruir o matrimônio" que não acontece com armas e sim "com ideias", antes de citar uma "colonização ideológica".
"O homem e a mulher são apenas um à imagem de Deus" e "é preciso fazer tudo para salvar o matrimônio", insistiu.
"Quando há um divórcio, macula a imagem de Deus", completou, antes de considerar "normal" as disputas entre casais, que precisam de uma reconciliação no mesmo dia já que, afirmou, "a guerra fria do dia seguinte é muito perigosa".
Esperança de paz
Muitas pessoas afirmaram neste sábado esperar que a visita do pontífice ajude a levar paz à região.
Francisco não fez referência em sua homilia à situação no Cáucaso, mas na sexta-feira recordou diante do presidente georgiano Giorgi Margvelashvi a necessidade de uma "coexistência entre todos os povos e Estados da região, condição prévia indispensável para conseguir a paz e a estabilidade".
Quase 20% do território georgiano está sob controle russo desde a guerra relâmpago de agosto de 2008 neste pequeno país do Cáucaso.
Durante a tarde, o papa visitou organizações de caridade católicas. Ele incentivou seu trabalho e prestou homenagem por sua simplicidade, a principal mensagem da Igreja.
No domingo, Francisco viajará ao Azerbaijão.
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