Tremor de
terra é sentido em 3 estados do Nordeste
O
tremor de terra registrado no Rio Grande do Norte, por volta das 14h desta
segunda-feira (11 de janeiro), teve reflexos em Pernambuco e na Paraíba. As
informações preliminares do laboratório sismológico da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte (UFRN) indicam que a magnitude do tremor atingiu 3,8 na
escala Richter, mas os dados das estações medidoras seguem em análise dos
técnicos.
Segundo Eduardo
Alexandre Menezes, do laboratório sismológico da UFRN, o epicentro do tremor
pode ter sido em Poço Branco (RN), Taipu (RN) e João Câmara (RN), região que já
viveu o susto de um abalo no sábado (9/01).
O tremor desta
segunda-feira (11/01) foi sentido em um raio de 300 quilômetros do epicentro e
atingiu cidades dos estados vizinhos. "Estamos calculando a profundidade
do tremor para sabermos a intensidade sísmica percebida pela população
local", disse Menezes.
De acordo com Sérgio
Leocádio, da Secretaria de Defesa Social de Natal, até às 17h do dia 11/01, não
houve registros de pedidos de socorro ou comunicação de imóveis danificados
após o tremor na capital potiguar.
A administração do
Natal Shopping informou que os clientes sentiram o abalo no horário de pico
(almoço), quando algumas pessoas frequentavam a praça de alimentação. Por dia,
cerca de 20 mil pessoas circulam pelo estabelecimento, mas não há como precisar
quantas estavam no shopping no momento do tremor. Ninguém ficou ferido e não
houve danos na estrututura do prédio.
Série de abalos
Joaquim Ferreira,
coordenador do laboratório sismológico da UFRN, disse ao G1 que temia que novos
tremores pudessem ser registrados no estado após o primeiro abalo ocorrido no
sábado. Naquela ocasião, o tremor foi sentido em João Câmara, Poço Branco (RN),
Taipu (RN), Ceará-Mirim (RN) e em alguns bairros de Natal.
O tremor de terra
registrado no sábado foi maior do que os equipamentos apontaram inicialmente e
teve epicentro em Taipu (RN), local diferente do que havia sido apontado pelas
estações medidoras. Uma nova medição de técnicos potiguares indicou que o abalo
atingiu magnitude de 2,7 graus, podendo chegar a até 3 graus na escala Richter.
A magnitude
preliminar aferida pelo Observatório Sismológico da Universidade de Brasília
(UnB) foi de 2 graus na escala Richter, com epicentro em João Câmara (RN).
O coordenador afirmou
que os últimos registros de tremores na região ocorreram em 1997.
Tremores em 2010
Este foi o segundo
registro de tremor no prazo de uma semana no país. No sábado (2 de janeiro), os
equipamentos do observatório registraram um tremor em Sobral (CE), que atingiu
magnitude de 2,7 graus na escala Richter.
Casos recentes
Dois equipamentos do
Serviço Geológico do Brasil (CPRM) registraram dois abalos em Presidente
Figueiredo (AM), em 30 de dezembro de 2009. Cada um dos tremores atingiu 2,4 e
3 graus na escala Richter.
NE registra maior número de
tremores
O Nordeste é a região
com um dos maiores níveis de atividade sísmica do Brasil, segundo o Instituto
de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São
Paulo (USP). Rio Grande do Norte, Ceará e Pernambuco têm maior incidência de
abalos, de acordo com laboratório de sismologia da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN).
"Até dois anos
atrás, 60% dos tremores registrados com um espaço de tempo menor entre um e
outro ficaram concentrados nesses três estados. É uma característica local por
causa das falhas que existem na região", disse Eduardo Alexandre Menezes,
da UFRN.
As cidades vizinhas a
João Câmara (RN), por exemplo, apresentam tremores recorrentes desde 1986,
quando ocorreu o que os especialistas chamam de enxame sísmico, tendo como ponto
de partida um abalo com magnitude de 5,1 graus na escala Richter. Na década
seguinte foram registrados 60 mil pequenos abalos na região, segundo o IAG.
De acordo com Afonso
Emidio de Vasconcelos Lopes, professor de geofísica e sismologia do IAG, a região
do Nordeste é formada por vários fragmentos de rochas antigas e por isso é
natural haver maior propabilidade de atividade sísmica local.
"As falhas
geológicas favorecem a ocorrência de abalos. Outra característica favorável
para os tremores são as camadas pequenas de solo no Nordeste, que podem variar
de três a 20 metros de terra sobre rocha. Em alguns pontos, essa rocha chega a
ficar visível. No Sudeste, essa característica é bem diferente e a camada de
solo para absorver a chuva, por exemplo, é muito maior", disse o
professor.
Falhas geológicas no RN
No Rio Grande do
Norte existem duas falhas geológicas consideradas importantes. "A Falha de Samambaia fica em João
Câmara e foi a responsável pelas atividades sísmicas de 1986. Ela tem cerca de 30 quilômetros de extensão
por quatro quilômetros de largura. Essa falha fica ao lado da de Poço Branco (RN), que é bem
menor, mas também influi nos tremores na região", afirmou
Lopes.
Segundo a equipe
técnica do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB), os
tremores registrados no Rio Grande do Norte tiveram relação com uma das duas
falhas geológicas. Os dados das estações medidoras ainda estão sendo
analisados. O abalo desta terça-feira foi registrado pela estação de Fortaleza,
que faz parte da Rede Sismográfica Nacional da UnB, e pela estação de Riachuelo
(RN). As duas ficam, respectivamente, a cerca de 400 quilômetros e 35
quilômetros da região central do tremor.
Técnicos da UFRN
foram coletar, na terça-feira (12/01), dados das estações do Nordeste, pois o
epicentro dos tremores ocorridos desde sábado (9/01) fica próximo das cidades
de Taipu (RN) e Poço Branco, mas a localização exata ainda é preliminar.
Em 2003
Os últimos registros
de pequenos abalos na região de João Câmara, segundo dados do IAG e da UFRN,
ocorreram em 2003, com magnitudes entre 2,4 graus e 3,4 graus na escala
Richter. "Esses eventos, junto com os dois sismos com magnitudes próximas
de 4 graus ocorridos nos últimos dias, mostram que a atividade sísmica na
região continua significativa, embora com sismos de magnitudes pequenas",
disse o professor de geofísica e sismologia.
Lopes faz um
comparativo com outros tremores históricos no país. "Para se ter uma ideia
da magnitude dos eventos de João Câmara, os maiores sismos ocorridos no Brasil
foram os
de Porto dos Gauchos (MT), em 31 de janeiro de 1955, com magnitude de
6,2 graus na escala Richter, e o ocorrido no Oceano Atlântico, em março do
mesmo ano, em frente a Vitória, com magnitude de 6,1 graus."
O professor disse que
as universidades brasileiras trabalham para criar uma rede de informações sobre
terremotos em tempo real.
(Fonte:
G1 Notícias - www.g1.globo.com)
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