18 de setembro de 2016

JUSTIÇA - Cristão é demitido após “ungir” escritório e Justiça nega indenização por preconceito religioso

Um cristão pentecostal processou a prefeitura de Miami por discriminação religiosa após ser demitido por ter ungido com óleo o escritório onde trabalhava, e o juiz da causa negou seu pedido de indenização.
De acordo com o Miami New Times, há dois anos Eric Cheeley chegou ao seu trabalho em uma repartição municipal cerca de 6h00 da manhã, e começou seu hábito matinal de ler a Bíblia quando sentiu que Deus queria falar com ele.
“[Eu] estava sentado no meu cubículo chorando, eu pensei ter ouvido o que, na minha opinião, era Deus dizendo: ‘Olha, apenas abençoe o departamento… e faça seu negócio'”, disse Eric, que pedia também o pagamento dos salários do período e os honorários advocatícios.
A demissão aconteceu porque seus colegas de trabalho não viram seu gesto como uma benção, segundo informações do Christian Post. De acordo com os autos do processo, funcionários da repartição chamaram a Polícia relatando que alguém havia vandalizado o escritório, aplicando uma substância oleosa formando o desenho de cruzes nas paredes do departamento, divisórias, portas e demais móveis.
A investigação forçou uma paralisação de todo o departamento. O jornal local revelou que os funcionários temiam que as cruzes fossem algum tipo de ameaça ao local de trabalho. Um deles pensou que as cruzes representassem um ritual de Santeria  – uma religião oriunda do sincretismo religioso entre o cristianismo católico e o ocultismo. Como Eric já havia saído para fazer seu trabalho na rua, ele não estava lá para explicar o que se tratava quando os colegas chegaram.
Quando ele finalmente ouviu falar sobre a investigação policial, Eric assumiu a responsabilidade e disse a seu supervisor, Mark Spanioli, que tinha ungido certas áreas do escritório com um óleo especial “apenas para abençoar o departamento”. Ele foi demitido no dia seguinte.
“Durante seus quase sete anos de trabalho, o Sr. Cheeley foi um funcionário exemplar [e] não foi repreendido de forma alguma, exceto quando da rescisão discriminatória e retaliação por expressar suas crenças religiosas”, afirmou o advogado do cristão.
Em resposta à afirmação de Eric, no entanto, o juiz federal disse que ele não conseguiu provar que a prefeitura o demitiu por suas práticas religiosas, ao invés do argumento de que ele tinha arruinado o patrimônio público.
“A aplicação da substância oleosa de Eric Cheeley causou dano real à propriedade de seu empregador e interrompeu sua atividade”, apontou o juiz distrital Robert Scola Jr. em sua decisão. “Esses fatos são incontestáveis.”
“Desde que a cidade lidou com o caso, Cheeley deveria apresentar provas de que a razão oferecida pela prefeitura para sua demissão foi apenas um pretexto para discriminação religiosa ilegal. Ele não foi capaz de fazê-lo. Em vez disso, Cheeley contende com o uso da palavra vandalismo, argumentando que é inaplicável para o processo de unção, e reclama que a carta de rescisão da cidade não indicou as razões para sua demissão. Cheeley também aponta para o fato de que ‘Mark Spaniolo, que recomendou a rescisão, estava ciente de que autor era pentecostal’, e que … a unção foi feita como resultado da prática religiosa do autor da unção”, acrescentou o juiz.
Embora o juiz Scola tenha negado a alegação federal, no entanto Eric poderá recorrer da decisão em um tribunal estadual.

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