26 de novembro de 2014

POLÍCIA FEDERAL MOSTRA AS PRINCIPAIS PERSONAGENS DA OPERAÇÃO LAVA - PETROBRPAS

Filha de ex-diretor fez negócios suspeitos com Petrobras

Documentos somam mais de 5 milhões de reais. Suspeita é de que Arianna Bachmann tenha se beneficiado de informações privilegiadas

Paulo Roberto Costa, delator do petrolão
Paulo Roberto Costa, delator do petrolão (Ueslei Marcelino/Reuters)
Uma das filhas do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, Arianna Bachmann, é suspeita de se beneficiar com "informações privilegiadas" em contratos de venda de móveis para empresas contratadas da estatal. Dois contratos, que somam mais de 5 milhões de reais, são referentes ao mobiliário comprado em 2009 para as novas unidades do Centro de Pesquisa da Petrobras (Cenpes) – inaugurado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2010 –, obra alvo da Lava Jato e do Ministério Público do Rio de Janeiro. Em um documento apreendido pela Polícia Federal no computador da Costa Global, Arianna recebe orientações de uma mulher que assina "Crica".
Ela apresenta dados sobre o mobiliário esperado para a unidade. "O teor da mensagem sugere que Crica esteja apontando fragilidades observadas no mobiliário exposto para apreciação, por funcionários da Petrobras, visando o projeto de ampliação do Cenpes", registram os analistas da Polícia Federal. Crica, segundo a PF, apresenta "itens a serem abordados" no encontro com representantes da estatal, "proporcionando à Arianna o acesso a informações privilegiadas". A filha do ex-diretor, que também foi alvo da Lava Jato, atuava na época como representante de duas empresas de móveis para escritórios.
"Convém ressaltar que Arianna é representante das empresas" que fecharam contrato, "ambas do ramo de mobiliários para edificações e interessadas no fornecimento de produtos para o projeto", registra a analise pericial. Eles abriram os arquivos dos computadores da empresa de Costa, no Rio, onde a filha trabalhava com ele.
Segundo a Polícia Federal, "Crica" pode ser Maria Cristina Nogueira de Sá Pikielny, uma das proprietárias da Italma (Multiflex do Brasil Comércio de Móveis), que é representada pela filha do delator da Lava Jato. São pelo menos cinco arquivos com dados sobre contratos de fornecedoras ou subcontratadas da Petrobras, a maior em específico para mobília das novas unidades do Cenpe.
No material apreendido e analisado, Arianna aparentemente faria o intermédio para venda de móveis para dois consórcios formados por grandes empresas que atuaram nas obras do Cenpe. O Consórcio Citi e o Consórcio Novo Cenpe. Nele, a Polícia Federal registra que houve adequação dos orçamentos ao contrato. Arianna tem duas empresas em seu nome a Bachmann Representações e a B & X Consultoria e Assessoria. Seu marido, tem ligações diretas com a loja de móveis 021 Móveis Carioca. Ele foi também alvo da Lava Jato.
Delatores – A família do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras foi incluída no acordo de delação premiada que ele firmou com o Ministério Público Federal. A mulher e as duas filhas de Paulo Roberto Costa também se comprometeram com uma colaboração acessória e individual à investigação em troca do abrandamento das punições.

Os principais personagens da Operação Lava Jato da PF

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Paulo Roberto Costa

Indicado pelo PP à diretoria de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa é um dos pivôs do esquema de lavagem de dinheiro. Ao lado do doleiro Alberto Youssef, montou um esquema de desvio de recursos da estatal para enriquecimento próprio e para abastecer o bolso de políticos e partidos da base aliada. Isso era feito com a assinatura de contratos fictícios, simulando a prestação de serviços entre empresas de fachada e as empreiteiras envolvidas, sempre com a finalidade de dar aparência legítima ao dinheiro desviado. Foi preso em março de 2014 e solto três meses depois, por ordem do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal. Em junho, contudo, voltou para a cadeia por esconder da Justiça que possuía 23 milhões de dólares depositados em bancos suíços. Optou por selar acordo de delação premiada com a Justiça e, em depoimento, arrastou para o centro do escândalo três governadores, um ministro, seis senadores, 25 deputados federais e três partidos políticos (PT, PMDB e PP). Ao desvendar as engrenagens do petrolão, revelou um cartel de grandes empreiteiras que escolhia as obras, decidia quem as executaria e fixava os preços. As empreiteiras superfaturavam os custos e repassavam até 3% do valor dos contratos para os “agentes políticos”. Revelou também os nomes dos operadores dos partidos no esquema, entre eles o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, responsável por receber e administrar o dinheiro desviado da Petrobras para a sigla. Depois de homologado o acordo de delação pelo STF, passou a cumprir prisão domiciliar. 

Alberto Youssef

Através de uma rede de empresas que só existiam no papel, o doleiro recolhia dinheiro das empreiteiras e repassava parte dele a partidos, políticos e funcionários públicos. Segundo a polícia, Youssef é o dono de uma firma de fachada chamada MO Consultoria, que faturou 90 milhões de reais nos últimos cinco anos. Para os investigadores, a empresa colhia o pedágio e uma parte dos lucros do "clube" - e, em outra ponta, repassava esse dinheiro aos seus "clientes" finais. Apontado como povô do esquema, foi preso em março, quando deflagrada a Lava Jato. Bem relacionado com políticos, o doleiro tem digitais em importantes órgãos federais, como o Ministério da Saúde e a Petrobras. O doleiro tinha estreito contato com parlamentares, entre eles os deputados André Vargas (Sem partido-PR) e Luiz Argôlo (SD-BA), que enfrentam processo de cassação na Câmara. Pressionado pela família, Youssef também aceitou acordo de delação premiada.

Enivaldo Quadrado

Condenado no julgamento do mensalão por lavagem de dinheiro e preso na Lava Jato pelo mesmo crime, o empresário Enivaldo Quadrado passou nove dias na prisão em decorrência da operação da PF. Embora a corretora Bônus-Banval esteja registrada no nome de Quadrado, os policiais constataram que o doleiro Alberto Youssef era o verdadeiro dono da empresa. De acordo com as provas coletadas na investigação, Quadrado é, na verdade, um subordinado de Youssef. Entre os diversos elos identificados no inquérito entre Youssef e Quadrado, há a utilização pelo doleiro de um Porsche Cayenne registrado em nome de empresa administrada por quadrado. 

Renato Duque

Preso na sétima fase da Operação Lava Jato, o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque chegou ao cargo pela indicação de José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil e condenado no julgamento do mensalão. De acordo com os delatores do petrolão, Duque funcionava como o interlocutor do PT na Petrobras e negociava diretamente com o tesoureiro João Vaccari Neto sobre o pagamento da propina.

Carlos Habib Chater

Preso em março, o empresário Carlos Habib Chater, ligado a Youssef, foi condenado pela Justiça Federal por cinco anos e seis meses de prisão pelo crime de lavagem de dinheiro  - parte do montante lavado, de acordo com a denúncia do Ministério Público, teria sido usado para pagamento de despesas relacionadas ao tráfico internacional de drogas. O empresário teria ajudado na movimentação de 124.000 dólares para o pagamento dos traficantes. O dinheiro era lavado em um posto de gasolina de Brasília. 

Nelma Kodama

Presa em março com 200.000 euros na calcinha, a doleira Nelma Kodama foi condenada em outubro a 18 anos de prisão pela prática de 91 crimes de evasão de divisas. De acordo com a Justiça Federal, ela movimentou mais de 5 milhões de dólares entre maio e novembro de 2013. Ela também foi condenada pelos crimes de operação de instituição financeira irregular, evasão de divisas tentada, corrupção ativa e pertinência a organização criminosa. 

Carlos Alberto Parreira da Costa

Braço-direito de Alberto Youssef, Carlos Alberto aparece nas investigações como o administrador da GFD Investimentos, empresa usada pelo esquema para a lavagem de dinheiro, além de outras duas empresas nos Estados Unidos. Ele ficou preso por seis meses, mas está solto desde setembro após ter feito acordo de delação premiada em troca do abrandamento da pena.


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