Mas, de acordo com o delegado Luiz Roberto Hellmeister, responsável pelo caso em São Paulo, onde a jovem registrou um boletim de ocorrência no domingo, a polícia tem provas de que Patrícia Lelis não foi mantida em cárcere privado.
"Ela hospedou o namorado no mesmo hotel em que disse que havia sido sequestrada", disse o delegado, na tarde desta sexta-feira.
"Temos vídeos mostrando ela em diversos restaurantes de São Paulo e passeando com o namorado pela cidade."
A partir das evidências, o delegado afirma que Patrícia Lelis será indiciada por denúncia caluniosa e extorsão.
"Eu nunca vi gente ameaçada de morte ir fazer unha, cabelo e maquiagem. Temos provas de que ela foi fazer tudo isso", diz o delegado.
Patrícia esteve em São Paulo no dia 30 de julho. Três dias depois, começaram a circular áudios da jovem incriminando Feliciano por tentativa de estupro.
O advogado de Patrícia, José Carlos Carvalho, afirmou nesta sexta-feira que ela não tem recursos financeiros para ir a São Paulo prestar depoimento, como requer o delegado.
"Ela não tem dinheiro pra ir a São Paulo, e ele [o delegado] sabia disso", afirmou.
"Ele pode enviar uma precatória para ela ser ouvida aqui em Brasília", sugere.
Já o delegado afirma que está "pleiteando" que Patrícia preste depoimento em São Paulo.
"Se ela não vier, eu vou pedir a prisão temporária dela", disse. Não há um prazo para que isso ocorra.
Se Patrícia, de fato, mentiu sobre a acusação de cárcere privado, isso enfraquece parte das denúncias feitas pela jovem contra o pastor Feliciano.
Mas ainda não está provado que a suposta tentativa de estupro tenha sido inventada pela garota. São acusações diferentes, que fazem parte de uma história que já teve muitas idas e vindas.
Primeiro, começaram a circular áudios em que ela denuncia Marco Feliciano por tentativa de estupro.
Patrícia afirmava que o deputado teria oferecido um salário de cerca de 15.000 reais caso ela aceitasse se tornar a amante dele.
Depois disso, ela grava um vídeo dizendo que as notícias foram todas inventadas porque "está em época de eleição".
Ela diz que Feliciano é uma pessoa "íntegra" com quem ela tem um "contato muito bom".
Na sequência, Patrícia afirma que está sendo ameaçada por Talma Bauer, chefe de gabinete de Feliciano e que, por isso, foi forçada a gravar o vídeo desmentindo a acusação.
Ela registra um boletim de ocorrência em São Paulo, onde presta depoimento. Bauer então é detido, mas liberado no mesmo dia - sexta-feira da semana passada - após prestar depoimento.
À TV Globo, Bauer disse que tinha ido prestar esclarecimentos "sobre uma menina que veio fazer uma falsa comunicação de fatos".
No dia seguinte, Feliciano se pronuncia pela primeira vez sobre o caso, em um vídeo, e diz que Patrícia inventou o episódio do assédio, mas que perdoa a jovem.
Porém, no início desta semana, começaram a circular na Internet áudios e vídeos de supostas negociações entre Patrícia e Bauer.
Em um deles, Patrícia diz que quer continuar no PSC e pergunta se querem oferecer dinheiro a ela pelo silêncio.
Um outro vídeo mostra Patrícia dizendo um amigo que recebeu apenas 10.000 reais, e Bauer afirma que tinha dado 50.000 reais a ela.
É possível então concluir que houve negociações entre Patrícia e Bauer, em valores em dinheiro. Mas ainda não é possível saber por que razão.
Se a acusação de tentativa de estupro é caluniosa, ao redor do que giram essas negociações?
No final da entrevista com o delegado Luiz Roberto Hellmeister, feita por telefone, ele levanta uma suspeita.
"Ela pode inclusive ter problemas, pode ser imputável". Mas não fala mais sobre isso.
A reportagem tentou entrar em contato com Patrícia, mas, segundo seu advogado, ela estaria sem voz "após todas as entrevistas que ela deu nesta semana".
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